quarta-feira, março 29, 2006

O primeiro (segundo?)

Talvez uma explicação sobre o título do blog e a minha identificação com a história (Belle de Jour, romance de Joseph Kessel, escrito em 1929), além de uma justificativa de porque não usar meu nome verdadeiro, fosse cabível. Mas deixarei pra que quem leia descubra sozinho, esta associação virá facil e claramente. Se ainda restar alguma dúvida, falem comigo. ;)

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Estive viajando recentemente e escrevi um textinho a respeito, pensei que poderia ser o primeiro devaneio publicado:

Eu quero voltar para o lugar onde o amanhecer é rosa. O gelo, azul. As montanhas, brancas. Os olhos, verdes. O pôr do sol, vermelho. Onde o tempo é seco e frio. E as pessoas, quentes.

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Ainda sobre a viagem, escrevi o seguinte texto no dia (23/03/2006) em que resolvi criar o blog terapêutico:

Presentes

Outro dia tive uma experiência única. Viajei sem deixar em casa um namorado. Sabe, eu sempre fui namoradeira, desde os 15 anos de idade. Não que fossem todos relacionamentos saudáveis, mas eu quase sempre estive em um. E eis que viajei sem estar namorando. E percebi que, pra mim, mais do que a dor de chegar e não ter pra quem ligar dizendo que está bem, o vazio de andar pelas ruas sem procurar em todo lugar presentes é avassalador.

Eu adoro dar presentes. Muito mais que receber. E adoro pensar nos presentes que quero dar, planejar, ou mesmo sair sem nada em mente e procurar algo "com a carinha dele" em todo lugar. Na maioria das vezes, passo horas pra escolher um único presente que, para o presenteado, pode parecer uma simples blusa de lã. Mas eu sei o trabalho que me deu escolher a cor, o tamanho, o modelo, discutir com vendedoras, amigos, parentes, até chegar à blusa ideal. E um simples sorriso e um "obrigado" já compensam todo o esforço, eu me sinto realizada! Tenho também uma história (longa) pra cada um dos presentes que dei, história esta que na maioria das vezes o presenteado desconhece, ou conhece somente parte dela, e isso também me faz feliz. É uma das formas que tenho de demonstrar carinho, atenção, consideração, lembrança e importância daquela pessoa pra mim, e eu me satisfaço sem que ela precise saber de todo o empenho gasto nesta tarefa. É como dizer "eu te amo" de uma forma sutil, quase imperceptível, e sem esperar nada além de um sorriso de volta.

Não ter alguém pra dar presentes assim deixa um vazio. É triste andar por ruas novas, países novos, lojas novas, sem ter a quem dedicar toda esta atenção. Falta alguma coisa. Falta poder dizer "eu te amo" sutilmente pra pessoa amada. Falta a pessoa amada. Falta.

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